Aos 17 anos, uma adolescente do estado de Nevada, nos Estados Unidos, viu sua vida mudar drasticamente ao descobrir que sofria de uma séria condição respiratória provocada pelo uso contínuo de cigarros eletrônicos. A jovem, que começou a utilizar os dispositivos aos 14 anos como forma de lidar com a ansiedade provocada pelo retorno às aulas presenciais após a pandemia, foi diagnosticada com bronquiolite obliterante, uma inflamação severa e progressiva nos pequenos canais respiratórios dos pulmões.
A mãe da garota, Christie Martin, revelou ao jornal The Daily Mail que a filha, identificada como Brianne Cullen, usava vapes descartáveis sem que a família soubesse. O quadro clínico só veio à tona quando, quatro meses atrás, a adolescente entrou em contato com a mãe em pânico, relatando uma grave falta de ar. Após exames médicos, os profissionais confirmaram a presença da enfermidade, popularmente conhecida como “pulmão de pipoca”.
Doença silenciosa e perigosa
A bronquiolite obliterante é uma condição que danifica os bronquíolos — os menores dutos respiratórios dos pulmões. Em muitos casos, ela pode ser tratada com medicamentos como corticoides e broncodilatadores, mas sua progressão pode levar à necessidade de transplante pulmonar. O tratamento exige cuidados contínuos, evitando ambientes com fumaça, poluição ou exposição a vírus e bactérias que possam agravar a situação.
“Nos disseram que, por termos identificado cedo, há chances de recuperação total. Mas também fomos alertados de que podem surgir complicações mais graves no futuro, incluindo câncer”, relatou a mãe.
Vapes sob investigação
A comunidade científica já apontou a presença de uma substância química chamada diacetil em alguns líquidos para cigarros eletrônicos. Esse composto é apontado como potencial causador da bronquiolite obliterante, embora os estudos ainda não sejam conclusivos. O diacetil foi banido pela União Europeia em 2016, mas ainda é encontrado em produtos comercializados nos Estados Unidos, segundo a reportagem.
Dados recentes apontam que o uso de vapes entre adolescentes está em alta. No Reino Unido, uma em cada quatro crianças já experimentou os dispositivos, e cerca de 10% utilizam com frequência. Entre jovens de 16 a 17 anos, esse número sobe para um em cada seis.
Um apelo de mãe
Após o difícil diagnóstico, Christie Martin fez um apelo emocionado a outros pais: “Quero que todos saibam o risco real que esses dispositivos representam. Precisou chegar a esse ponto para minha filha parar. Que isso sirva de alerta.”
O caso de Brianne reforça os perigos ocultos por trás do uso de cigarros eletrônicos e destaca a importância de diálogo e acompanhamento constante com os jovens diante de novos hábitos de consumo.