Mato Grosso se firmou como o principal produtor de arroz cultivado em regime de sequeiro no Brasil, de acordo com a edição 2025 do Anuário Brasileiro do Arroz, publicado pela Editora Gazeta. Os números, obtidos a partir de dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apontam que o estado está à frente nesse tipo de cultivo que vem se expandindo nas regiões centrais do país.
Durante a safra 2023/2024, Mato Grosso colheu aproximadamente 337,6 mil toneladas de arroz exclusivamente em áreas não irrigadas, superando os demais estados brasileiros nesse sistema. Além disso, o território mato-grossense registrou a segunda maior ampliação de área dedicada ao cultivo de arroz no país, com um salto de 17,3%, atingindo 112,5 mil hectares.
No cenário nacional, o cultivo de arroz apresentou sinais de recuperação após dois ciclos consecutivos de queda, especialmente na safra 2022/2023. A área total plantada aumentou em 8,7%, totalizando 1,61 milhão de hectares, e a produção nacional cresceu 5,5%, alcançando 10,6 milhões de toneladas, mesmo com uma leve redução de 2,9% na produtividade média devido a fatores climáticos desfavoráveis.
Segundo Linacis Silva Vogel Lisboa, secretária adjunta de Agronegócios, Crédito e Energia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), a produção de arroz em terras altas representa mais que bons números de colheita: é uma estratégia de valorização da atividade rural.
“Essa diversificação produtiva fortalece a renda do agricultor, abrindo novas possibilidades de cultivo com maior retorno. O arroz de sequeiro se destaca como uma alternativa eficiente nas segundas e terceiras safras”, comentou a gestora.
Mesmo que o arroz irrigado ainda represente a maior fatia da produção nacional — cerca de 92% do total —, o cultivo em sequeiro apresentou crescimento superior na área plantada na safra 2024/2025, com alta de 12,7%, comparado a 5,6% do sistema irrigado. Estima-se também uma elevação de 5,7% na produtividade média, levando a produção total de arroz de sequeiro no Brasil a aproximadamente 1 milhão de toneladas.
Esse avanço está diretamente ligado à adoção de práticas como rotação de culturas e o aproveitamento de áreas com potencial agrícola nas regiões de planalto, especialmente em estados como Mato Grosso, Goiás e Maranhão. Além disso, os preços mais competitivos têm sido um incentivo a mais para que produtores invistam nesse modelo de cultivo, que se mostra cada vez mais alinhado ao perfil produtivo do Centro-Oeste brasileiro.