Mais de 390 ocorrências de acidentes laborais, incluindo nove mortes, foram registradas em empresas madeireiras de Mato Grosso entre 2022 e 2025. Os dados, levantados pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-MT), acenderam o alerta das autoridades, que agora se mobilizam para conter o avanço desse cenário preocupante.
Com início marcado para agosto, o Ministério do Trabalho dará início a uma operação de fiscalização presencial voltada especificamente ao setor madeireiro. O foco será o cumprimento rigoroso das exigências contidas na Norma Regulamentadora nº 12 (NR-12), que trata da segurança em máquinas e equipamentos industriais.
O auditor fiscal Marcos Crepaldi, que atua na área de Saúde e Segurança do Trabalho, explica que a abordagem será mais sistemática, acompanhando o progresso das empresas desde a primeira visita até a completa regularização. Segundo ele, um dos desafios é mudar a cultura de naturalização dos acidentes, ainda comum entre alguns trabalhadores, especialmente em casos de lesões graves e amputações.
Entre 2022 e 2024, as estatísticas mostram uma média de mais de 100 afastamentos por ano devido a acidentes. Em 2025, até julho, 58 novos casos já foram registrados, ainda que sem óbitos até o momento. A SRTE-MT alerta, contudo, que os números reais podem ser ainda maiores, em razão da subnotificação.
A força-tarefa atingirá cerca de 400 empresas previamente notificadas, situadas em municípios com forte presença do setor madeireiro, como Sinop, Alta Floresta, Sorriso, Juína, e outros polos importantes da produção florestal.
Essas empresas firmaram compromissos formais com o governo e têm até o fim de julho para cumprir uma série de exigências, como:
Instalação de dispositivos de parada de emergência;
Correção de instalações elétricas irregulares;
Padronização de procedimentos operacionais;
Melhoria na sinalização de segurança;
Fornecimento adequado de EPIs.
O descumprimento dessas obrigações poderá resultar em multas, sanções e até encaminhamento dos casos à Advocacia-Geral da União (AGU) e ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
A expectativa do governo é que essa ação contribua para reduzir drasticamente os acidentes, preservando vidas e promovendo um ambiente de trabalho mais seguro e digno para todos os profissionais do setor madeireiro.